Mergulhada na crise financeira, a emissora dá seu sutil aval à volta do futebol, em plena pandemia,
como quer o presidente do Brasil. Pelos patrocinadores
Globo decide se alinhar com Bolsonaro. Pela volta do futebol no Rio.
Os fracassos na audiência dos jogos antigos.
A obrigação com os patrocinadores do futebol, que se comprometeram a desembolsar R$ 1,8 ilhão por 65 partidas transmitidas em 2020.
A crise financeira com a pandemia, que trará mais demissões, do que as mais de 100 no ano passado.
Esses três ingredientes pesaram para a Globo.
E a emissora carioca toma uma atitude que não queria.
Virou aliada do seu maior inimigo.
O presidente da República, Jair Bolsonaro.
Mesmo mostrando incoerência, falta de rumo.
Afinal, seu noticiário diário é pautado pelo aumento do número de infectados, e mortos, pelo coronavírus no Brasil.
O país vive o pico da curva da doença.
Já são 530.733 casos confirmados.
E 30.079 mortes.
Assim como os políticos assumem querer a volta do futebol para aliviar a tensão da população, como aconteceu na Alemanha, a Globo precisa tanto no comprometimento com os patrocinadores, o que garantirá R$ 1,8 bilhão, ou parte dele, já que alguns pensam em pedir redução diante dos três meses sem futebol, como na audiência.
No domingo passado, os jogos às 16 horas tiveram alcance ridículo, para o horário nobre do futebol. Palmeiras, em São Paulo, e Fluminense, no Rio, não chegaram sequer a 10 pontos de audiência. A média no Brasileiro de 2019 foi de 29 pontos, quase o triplo.
Lógico que os patrocinadores Ambev, Casas Bahia, Chevrolet, Hypera Pharma, Itaú e Vivo não podem estar satisfeitos.
O apoio cada vez menos sutil da Globo chegou na hora exata para a Federação Carioca de Futebol.
O presidente Rubens Lopes está cada vez mais tenso. Porque ele acreditava que o Carioca voltasse em maio, no máximo, pela pandemia. E sabe que a CBF já pressiona para ter o Brasileiro no final de julho.
Por isso não quer saber se o Rio de Janeiro atravessa o seu pior momento. Com 54.530 infectados.
E 5.462 cariocas perderam a vida pela doença. Nem que aumentaram os casos em 30% desde que o isolamento social foi afrouxado.
Lopes não leva em consideração nem os números de jogadores infectados dos times que disputarão o Carioca. São 157 atletas, 16,5%. Sem contar o Madureira, que se negou a divulgar, de acordo com o site esportivo da Globo.
O Vasco, mesmo com 16 atletas contaminados, confirma que voltará aos treinos. E deseja a volta do Carioca o mais rápido possível.
Depois de conseguir o apoio da volta dos treinos, que foram liberados pelo prefeito Crivella, hoje deve acontecer uma reunião decisiva.
Com a desculpa de 'finalizar o protocolo Jogo Seguro', Lopes quer acertar a volta do Carioca para o dia 14, ou, no máximo, 21 de junho.
A expectativa do dirigente é que a falta de dinheiro do Fluminense e do Botafogo faça que ambos participem da reunião. E aceitem voltar.
O Fluminense conseguiu apenas ontem 20% a mais do salário de março, chegando a 60%. Deve abril e maio para seus atletas.