Animal foi solto nesta quarta-feira
Após 45 dias em reabilitação, o gavião caboclo, que estava aos cuidados do setor de Fauna da secretaria de Meio Ambiente (Semma) foi solto, nesta quarta-feira (7), no Parque Municipal Fazenda Atalaia. Também conhecido como asa de telha (heterospizias meridionalis), o animal silvestre, que normalmente está acostumado a viver em campos e pastagens assim como alagados e manguezais, estava mantido em cativeiro antes de ser entregue à Semma.
Segundo o técnico Rodolfo Coimbra, o gavião foi entregue voluntariamente ao setor de fauna da secretaria no último dia 21 de maio, por contribuintes que compraram o animal no município de Trajano de Moraes.
- As pessoas que o entregaram na Semma relataram que o animal era mantido em uma pequena área e como foi crescendo ao longo do tempo, aumentou os custos com alimentação e limpeza do recinto. Então, a família que o havia comprado resolveu entregá-lo. Esse fato tem sido evidente e constante no município. Os animais silvestres são comprados em mercados clandestinos e após algum tempo, devido à despesa ao cuidado indispensável que se deve ter com a espécie, as pessoas acabam abandonando o animal fora de seu ambiente natural, trazendo-o para o meio urbano – contou.
Durante o período de reabilitação o gavião foi encaminhado aos cuidados da coordenação do Parque Atalaia, onde foi alimentado e cuidado pelos funcionários do parque e pelos estagiários de veterinária do setor. Nesse período o animal obteve grandes resultados, visto o número de presas que consegue se alimentar por dia sozinho, o que antes não fazia sem auxilio de alguém.
- Estando em ótimo estado físico e de saúde e não acarretando nenhum tipo de problema para animais que possam vir entrar em contato com ele, resolvemos soltá-lo para que, retornando ao seu habitat natural, ele possa se recuperar mais depressa – disse o secretário de Meio Ambiente, Maxwell Vaz, que acompanhou o processo de devolução do gavião no entorno do parque.
Tentando uma aproximação com o animal silvestre, Vaz fez uma alerta para que as pessoas não comprem clandestinamente os animais silvestres. “Precisamos conservar nossa fauna, protegendo os animais silvestres, pois quando os adquirimos estamos provocando o desequilíbrio ecológico e a consequente extinção da nossa fauna”, advertiu.
Características do gavião caboclo – A espécie se reproduz geralmente no período de julho a novembro e se comunica com o parceiro através de um assobio fino, longo e choroso, repetido continuamente. Alimenta-se de várias presas, como pequenos mamíferos, aves, répteis, anfíbios e grandes insetos.
Tráfico - Calcula-se que o tráfico de animais silvestres retire, anualmente, cerca de 12 milhões de animais das matas. Existem outras estatísticas estimando que o número real esteja em torno de 38 milhões. Um animal silvestre capturado fará falta ao ambiente, mas, também, os descendentes que ele deixará de ter. Assim, pode-se perceber o tamanho do impacto que a retirada de animais causa ao meio ambiente.
Legislação - No Brasil duas leis e um decreto constituem os principais instrumentos legais de combate ao tráfico de animais silvestres. São elas: Lei nº 5.197/67, Lei nº 9.605/98 e o decreto nº 3.179/99. Segundo o artigo 29, da lei federal nº 9.605, matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécies da fauna silvestre nativa ou em rota migratória sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida, penaliza com detenção, de seis meses a um ano de reclusão e multa.