Novo estudo aponta serviços de delivery mais lembrados pelos consumidores e mostra que, além de custo e cupons de desconto, boa interface é fator decisivo.
As empresas de delivery estão entre algumas das estrelas em meio ao isolamento forçado pelo novo coronavírus. De refeições prontas à compra de itens de limpeza ou alimentos nos supermercados, a demanda explodiu. Só as compras de alimentos e bebidas online subiram 339% em maio, segundo a empresa de inteligência Compre&Confie — três vezes mais do que a alta do comércio eletrônico como um todo, que foi de 133%.
O bolo do setor aumentou, mas também a concorrência. Nomes como iFood, Rappi e Uber Eats vêm lançando novas opções, oferecendo descontos e tentando, cada qual com sua estratégia, capitalizar sobre o crescimento do setor no Brasil.
Um novo estudo da consultoria CVA Solutions, obtido em primeira mão pela EXAME, dá algumas pistas sobre quais aspectos das empresas vêm sendo bem-sucedidos neste mercado. A CVA ouviu 2.757 pessoas, de diferentes faixas de renda, escolaridade e perfis familiares, em 12 cidades brasileiras no último mês de maio.
Perguntados sobre qual serviço de delivery de refeições mais utilizam, 71% disse pedir mais no iFood, ante 18% do Uber Eats, 5% da Rappi e 2% do 99Food (recém-lançado pela brasileira 99, antes focada só em viagens de passageiros por aplicativo).
O iFood também ganha como serviço mais conhecido. Pouco mais de 97% dos usuários disse conhecer a marca, seguida pelo Uber Eats, com 87%, e 76% do Rappi. Esses três apps são disparados os mais conhecidos. O quarto colocado é o delivery direto do restaurante de preferência (54%). Só muito depois vêm James Delivery (19%), Loggi (15%) e 99Food (12%).
Mesmo quando voltada para delivery geral de produtos, e não só de refeições, o iFood segue na liderança: 69% disse usar mais o app.
O que muda são os próximos colocados. Em vez do Uber Eats (que começou recentemente a entregar itens além de refeições), os mais usados são Rappi (8%) e Lojas Americanas (5%). Os líderes são seguidos por nomes como Zé Delivery, James e Loggi, além dos apps próprios de varejistas, como Magazine Luiza, Casas Bahia e Mercado Livre.
Para Sandro Cimatti, diretor da CVA e responsável pelo estudo, o tamanho da liderança do iFood supreendeu. A empresa, nascida em 2011, era historicamente focada em refeições, e só entrou em supermercado e pet shop neste ano. Uma de suas principais concorrentes, a colombiana Rappi, já oferece diversas categorias no app há anos.
No segmento de entrega geral de produtos, o Rappi vai melhor que o iFood em entrega mais rápida, acompanhamento da entrega, ter as lojas preferidas dos clientes, foco maior em produtos (e não em refeições) e possibilidade de comunicação com o entregador.
Mais de 70% dos entrevistados disse usar mais o serviço de delivery de refeições do iFood, que ficou à frente de Uber Eats e Rappi
Cimatti destaca que o iFood conseguiu, na pesquisa, ter uma baixa rejeição e alta atração, o que, na soma, dá ao app uma grande “força da marca”, segundo a metodologia da CVA. A força da marca do iFood em delivery de refeições foi de 65%, ante 11,5% do Uber Eats, o segundo colocado. No segmento de entrega geral de produtos, o iFood também tem a maior força da marca, seguido pelo delivery direto das lojas.
“Por ter mais entrevistados que disseram usar a marca, a tendência era que em aspectos de qualidade o serviço fosse visto como pior. Mas não foi o caso”, diz Cimatti.